Quem conta um conto #5: Cerberus

Comunicado: costumo citar algum trecho, alguma frase que tenha me marcado no livro, mas antes de selecionar minha preferida acabei emprestando o livro para uma amiga. Tudo bem se ela não morasse em outro estado... hehe Mas tudo bem, isso não interfere em nada minha consideração final xD


Título da obra: Cerberus - Livro 1: Entre Cobras e Ursos 
Autor: Leonardo Monte
Editora: Novo Século - Selo Novos Talentos da Literatura Brasileira (2011;461 páginas)
Sinopse: O terror está instituído pela fome, pela doença e pela miséria humana... A esperança como uma vela de pavio curto... morrendo... aos poucos. Canibais, Calabans, Mordecais, Pashits, Ankh-o-rus, Beliahs, Banshees, licantropos e toda sorte de criaturas que antes só existiam em nossos mais terríveis pesadelos vagam pela Terra indiscriminadamente... destruindo, aterrorizando... e, às vezes, até convivendo conosco em uma relação de total dominância... Cidades viraram ruínas... As pessoas voltaram a viver em vilarejos e feudos, sem um poder central, servindo a governantes tiranos e sanguinários que as exploram cada vez mais e mais... O medievo voltou... A era das trevas flagela novamente a Terra... A humanidade está a ponto da extinção... Em um ato de desespero, o Vaticano decidiu criar em diversos lugares do mundo as Academias de Caçadores... No Brasil criou-se a Cerberus... Nesse sombrio lugar, dominado pela fé cega e padres ortodoxos, corredores escuros e úmidos, luz de velas e treinos sangrentos, calabouços e forcas, encontraremos alguns de nossos personagens: crianças doadas em suas primeiras semanas de vida para transformarem-se em caçadores de extraplanares... Passarão oito anos de duras provações até sagrarem-se dignos... ou perecerão no caminho? Os fracos não servem a Cerberus... Você está preparado?

Resenha: Quando a Francine do My Queen Side (para variar, hehe) compartilhou a imagem da capa do livro na fanpage do blog, o desejei instantaneamente. Ok, eu sei que não devemos julgar um livro pela capa, mas gente, olha só para ela! É o tipo de arte que olhamos duas vezes, não passa batido e, quando percebi, já o tinha colocado na minha lista de desejos. Depois, foi a vez de ler a resenha e ter certeza de que a obra seria minha de um jeito ou de outro! /aloka
Já me impressionou o tema logo de cara: um mundo pós-apocalíptico onde matar era a única forma de sobrevivência. A narrativa é de fácil entendimento e com detalhes na medida: nem demais nem de menos, mas o suficiente para em diversas cenas sentirmos o cheiro de sangue exalando das páginas - sem exagero. A maturidade forçada às crianças, a primeira vista, parece um absurdo, mas é completamente aceitável para a atual situação do mundo. Houve uma espécie de regressão, onde o cenário parece medieval, mas com traços que conhecemos bem em nosso cotidiano. Renan, o protagonista, narra em certas partes seu ponto de vista em relação aos acontecimentos que cercam a Cerberus e seus colegas. Todos eles são de um interesse genuíno, nenhum deixa a desejar e cada qual com sua particularidade ajuda a enriquecer a história. Pode-se observar o amadurecimento de cada um dos personagens e como o seu grupo ajuda nisso, reforçando a ideia do grupo, onde todos são essenciais, onde um protege o outro. O mais legal é que se passa no Brasil, um dos poucos países a manter uma escola especializada na formação de assassinos! É muito difícil ver o nosso país ser pano de fundo para uma história de impacto dessas, muitas vezes a ideia sendo hostilizada com o argumento de que o Brasil não se encaixa com a proposta mais séria.

Cerberus prova o contrário.

Além da escola brasileira ter guerreiros de peso, a interação entre ela e as escolas de fora é relativamente boa. Como resenhado por outros leitores, há competições intercolegiais e eu tive dificuldade em imaginar crianças de doze, treze anos armadas até os dentes e atacando com ferocidade. Isso me fez imaginar o antes de Cerberus. Sabe-se que o mundo foi quase exterminado com o surgimento de demônios e criaturas desconhecidas, mas fortes o suficiente para abalar até mesmo a fé do homem. Como seríamos nós, pessoas acomodadas à modernidade de repente ver nosso mundo virando de ponta cabeça? Não conseguimos nos imaginar sem energia elétrica e sempre é um caos quando a rede de energia cai ou quando água falta em alguma regiões. Como seria ter tudo isso eliminado de uma hora para outra? Quem iria ter força de encarar o perigo do lado de fora? Fico imaginando que muitas pessoas morreram pelo desespero em não saber o que fazer, em se reprimir e acabar com a própria existência por não querer nem tentar, e é aí que a Cerberus acaba se tornando um dos poucos pontos de esperança da humanidade, que muitas vezes, ignora sua existência. É impressionante como o que nos é básico é completamente desconhecido para Renan e seus amigos e, ainda mais surpreendente: é desnecessário. Além da história intrigante, também nos faz pensar que não seriam necessárias criaturas incríveis para dizimar a raça humana: o próprio homem está fazendo isso por si só. No livro, é impressionante como os defeitos humanos ainda conseguem trazer destruição, ruína, sofrimento, comprovando que infelizmente, é nossa humanidade um dos maiores perigos para o mundo e por isso, tão necessária a confiança com o grupo, a retribuição dessa aposta uns nos outros.
Não irei me prolongar muito, haha, não quer cansar ninguém. Mas, definitivamente, esse foi um maravilhoso primeiro livro! E, o desfecho do primeiro de uma série de quatro obras pode ser definido dessa forma:


Não poderia ter sido melhor!


E outra coisa é que depois de devorar todas as linhas, fica impossível não ficar montando mentalmente nosso bando, procurando um nome para ele... Meu bando só tem eu de integrante - por enquanto u3u - mas o nome está definido: Coruja Paciente, pois, tal como esse pássaro, não pregarei os olhos até a continuação ;3

E vocês, o que acham da obra? Tem interesse?

2 comentários:

  1. Eu me interesso em fazer parte do bando Coruja Paciente, haha! *faz reverência*
    Minha flor, adorei sua resenha. Cerberus realmente choca com o seu contexto sanguinário, no qual crianças deixam a infância muito precocemente para se tornarem guerreiras. Eu confesso que até mesmo a perda da virgindade do Renan foi interessante neste aspecto. A descoberta de que há algo maior do que apenas lutar e lutar… Há vínculos para se proteger.
    GOSTEI muito de saber que uma recomendação minha a fez ir atrás do livro, flor. Quantas vezes escrevemos resenhas e tudo mais sem saber se realmente conseguimos levar aos leitores a paixão que aquele livro nos trouxe? Fico ainda mais feliz em saber que você gostou tanto do livro quanto eu.
    Linda resenha, Natália. <333 Espero que as suas palavras encantem outros futuros leitores de Cerberus.
    Beijos!

    www.myqueenside.blogspot.com

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    1. Que bom te ver por aqui, Fran! Sim, realmente, Cerberus me impressionou em todos os aspectos! Deu para sentir perfeitamente o que você disse sobre ter sido uma das melhores leituras de 2013! Obrigada pelo carinho de sempre e por me incentivar a conhecer cada vez mais novos autores!

      Beijão!

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